terça-feira, 22 de abril de 2008

Flashbacks

Para começar a contar essa história, vou retomar tudo que já passei desde que começou o processo de seleção até o momento atual.


Maio de 2007

Foi divulgado o Edital para intercâmbio internacional pela DRI (Diretoria de Relações Internacionais) da UFMG. Entre os países com vagas para Engenharia Elétrica estavam Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e Portugal. Cada aluno pode escolher até duas universidades para se candidatar, sendo que no resultado final o aluno não tem interferência sobre qual das duas ele irá. Estava na dúvida se tentava duas universidades ou só uma. Acabei optando por tentar só para a Universidade de Leeds, pois, apesar de considerar bastante a idéia de ir pra Universidade da Califórnia, a Inglaterra era a minha primeira opção disparada. Então, caso eu não passasse em 2007 para Leeds, em 2008 tentaria, dessa vez, as duas opções.

Escolhida a universidade, foi necessário observar os requisitos lingüísticos. Leeds exige o exame TOEFL (Pontuação mínima 83, sendo 18/30 no reading, 20/30 no listening e speaking e 21/30 no writing), porém, para efeito de candidatura, o teste de proficiência em Inglês do CENEX era suficiente. Caso fosse aprovado, teria que fazer o TOEFL obrigatoriamente. O teste do CENEX foi bem tranquilo.

A próxima etapa foi fazer a inscrição no colegiado do curso. Entreguei um formulário com histórico, currículo, carta de intenção entre outros dados. Minha carta de intenção ficou muito boa, tocante e objetiva! Agora era só esperar a marcação da entrevista.


Junho de 2007

Foi divulgada a escala de entrevistas. Como meu nome não é muito privilegiado pela ordem alfabética, fui um dos últimos a ser entrevistado. Estava bem nervoso, mas muito confiante. A entrevista começou em português com dois aplicadores, um homem e uma mulher. A mulher era mais carismática e começou me perguntando o porquê de eu ter escolhido Leeds e o que eu já conhecia de lá. Falei tudo que já tinha pesquisado sobre o assunto e citei o meu contato com os intercambistas de 2006 que estavam em Leeds naquele momento. Enfoquei muito na parte de esportes que, segunda minhas pesquisas, havia muitos lugares para serem praticados lá, e que eu era um fanático por esportes. Talvez devesse ter focado mais no meu curso. O homem, então, perguntou como eu apresentaria a UFMG no exterior. Essa foi minha melhor parte da entrevista. Relatei toda minha vivência no Campus, como eu praticamente vivo lá dentro, faço tudo, estudo, jogo bola, bebo cerveja, faço refeições, vou ao banco e muito mais coisas. Contei minha participação em estágios dentro da UFMG e que eu era o atual presidente do Grêmio, e então citei o que uma vez o Paulinho do DA Engenharia havia me dito, que a universidade é um projeto de país, e que eu me sentia vivendo esse projeto na UFMG (acho que aí foi meu trunfo!).

Mais adiante, o homem anunciou que agora eles passariam a falar em inglês para observar minha capacidade de comunicação na língua, apesar de já ter passado por exame preliminar. Pediram para eu falar sobre meu curso na UFMG, logo após sobre o meu curso em Leeds, e o que essa experiência acrescentaria para meu currículo. Dei respostas um pouco repetitivas para essas questões e, apesar de falar em inglês não ter sido problema, achei que essa parte da entrevista não foi boa.

A mulher voltou a falar em português e perguntou se eu queria falar mais alguma coisa que eles não tinham perguntado. Eu reforcei que já pesquisava sobre Leeds há mais de um ano e o quanto eu tinha vontade de ir. Nisso foi encerrada a entrevista e fiquei um mês na dúvida se tinha sido o suficiente ou não para passar.

Julho de 2007

Durante vários dias entrei no site da DRI à espera do resultado, e nada. Mais exatamente no dia 04 de julho de 2007, por volta das 23:00, despretenciosamente verifiquei novamente e o resultado havia saído! Passei, se não me engano, em terceiro ou quarto lugar, com ida no segundo semestre de 2008. Gritei minha mãe que saiu do quarto desesperada até ver o que era. Liguei pra deus e o mundo avisando do resultado! Muita felicidade! Para completar, no dia seguinte saiu o resultado de Eletromagnetismo (para a maioria, a matéria mais difícil de Eng. Elétrica) que eu não esperava passar, porém o professor me deu aquela empurrada. Foram uma das 24 horas mais felizes da minha vida!


Agosto de 2007

Em agosto aconteceu a primeira reunião com os intercambistas selecionados. No auditório principal da reitoria, por volta de 250 estudantes esperavam ver suas mais variadas dúvidas e ansiedades sanadas. Mas a reunião nada mais foi do que um esclarecimento muito básico dos passos que a gente deveria seguir antes, durante e depois da viagem, traduzindo, não esclareceu nada. Para os selecionados para o segundo semestre, a única coisa que poderíamos fazer até fevereiro de 2008, quando aconteceriam reuniões mais específicas para cada universidade, era providenciar o passaporte e os exames de proficiência de línguas, para aqueles que ainda precisavam.


Janeiro de 2008

Obviamente, até o presente momento eu não havia nem começado a pensar no principal problema que deveria solucionar nesse período entre agosto e fevereiro, o exame TOEFL. Como, para piorar, ainda estava trabalhando quase 24 horas por dia na livraria, tive que dar um jeito de começar a ter aulas de inglês para me preparar para o teste. No mês de janeiro fiz 4 aulas particulares focando no modelo do exame e, principalmente, nos items de Writing e Speaking, que estavam mais precários na minha avaliação. Marquei o exame para 08 de fevereiro, sexta-feira após o carnaval.

Antes que eu me esqueça, o passaporte eu providenciei em dezembro e foi muito simples.


Fevereiro de 2008

Durante o carnaval em Diamantina eu consegui me manter em contato com o inglês porque, por muita sorte, havia um romeno na minha casa que só falava inglês.

Chegou o dia 08 e eu fui para o Greenwich do São Bento fazer o TOEFL. Estava relativamente tranquilo, talvez até demais.

A primeira sessão era a de reading. Apareceu um texto na tela e um indicador de mais 20 questões, além de um cronômetro de 20 minutos correndo enlouquecidamente no canto superior esquerdo. Fiquei confuso porque, pelo que eu sabia, a prova era composta por 5 textos e 100 questões. Sem saber direito como proceder, perdi um tempão até começar a ler o texto e responder as questões, sendo que faltando 30 segundos faltavam duas questões para serem respondidas. Chutei elas e o tempo acabou. Depois foram mais dois blocos com 2 textos e 40 questões e já consegui controlar meu tempo mais tranquilamente.


A segunda sessão era o listening, que foi super tranquilo. Eram algo em torno de 8 áudios intercalados com umas 12 questões relativas a cada áudio. Acabando essa parte, fui para um intervalo de 10 minutos. Comi biscoitos e tomei suco, mas a única coisa que me passava pela cabeça era "caralho, que puta dor de cabeça que dá"!

Voltei
para a sala e, então, se iniciou a sessão de speaking. A essa altura eu já estava muito nervoso, pois foi a parte que mais foquei nas aulas particulares. Foram 6 questões de speaking variando um pouco a forma e sobre o que eu tinha que falar. As 2 primeiras perguntas eu estava falando tão alto no microfone que o aplicador pediu para eu falar mais baixo! Tentei me concentrar mais, abaixei o tom de voz e continuei respondendo. Em uma das respostas eu não consegui concluir o raciocínio no tempo pré-estabelecido de 45 segundos. No geral, pensei que não havia ido tão bem quanto eu poderia ter ido, mas talvez fosse o suficiente.

A última sessão era de writing. Fiz duas redações, uma relacionando um áudio e um texto e outro dissertando sobre um tema eles estabeleceram. A primeira foi um primor de redação, completíssima e bem escrita. Eles recomendavam fazer um texto com 250 palavras, eu escrevi quase 350. Já a segunda foi um desastre. O tema que eles deram foi o seguinte "Deveriam anúncios publicitários direcionados a crianças de 3 a 5 anos serem proibídos?". Nos longos minutos que tive para redigir, não conseguir desenvolver nenhuma idéia boa, fui enrolando e enchendo linguiça até o faltar 1 minuto e eu não ter nem começado meu parágrafo de conclusão. Me apressei mas acabei deixando uma frase no meio quando o tempo acabou. Fui para casa e passei por dois dias diretos de dor de cabeça, não queria ver um headphone nem pintado de ouro.

No dia 20 de fevereiro aconteceu a primeira reunião com os intercambistas que vão para a Inglaterra. Foram apresentados todos os documentos preliminares que teríamos que entregar no dia 13 de março, entre eles histórico escolar, comprovante de matrícula, duas cartas de recomendação de professores, comprovante de condições finaceiras para bancar a viagem, planejamento de matérias a serem cursadas lá e, finalmente, o resultado do TOEFL, que ainda não havia saído. Perguntei, morrendo de medo, se, caso eu não fosse aprovado, eu poderia negociar mais um tempo para conseguir refazer a prova. A Jaqueline (responsável da DRI por esse programa de intercâmbio) olhou desconfiada e falou que até poderia negociar um prazo, mas que, se demorasse demais, um excedente seria chamado.

Nesse dia conheci a Estefânia, da psicologia, e o Pedro, da Mecânica, meus companheiros de viagem. Almocei com o Pedro e trocamos algumas informações que haviamos pesquisado.

Comecei a preparar todos os documentos independentemente do resultado do TOEFL. Pedi para os professores Davies e Donoso fazerem as cartas pra mim, providenciei os contra-cheques da minha mãe e já havia pegado em janeiro o histórico e comprovante de matrícula. Fiz o planejamento das matérias junto com o Fernando, meu tutor de Telecomunicações. Só faltava o bendito exame.

Após muita angustia e noites mal dormidas, saiu o resultado do TOEFL no dia 27 de fevereiro. Consegui a pontuação total de 96 pontos, sendo 26 no reading, 28 no listening, 20 no speaking (na pinta!) e 22 no writing (a pontuação que eu precisava está transcrita mais acima, em maio de 2007). Diferentemente da Estefânia (a partir de agora será citada como Tetê) que, no desespero, prometeu ficar sem beber até a viagem caso ela conseguisse a pontuação (não cumpriu nem 1 semana de promessa), eu prometi beber muito para comemorar! E assim cumpri!

Março de 2008

Todos os documentos foram entregues na DRI no dia 05 de março, sendo que o resultado do TOEFL, que havia saído só na internet, chegou por correio no dia 13 de março, quando encaminhei imediatamente à DRI.

Mais para o meio do mês, Pedro, Tetê e eu marcamos de ir ao boteco da bio e convidamos vários ex-intercambistas de Leeds, mas acabou que só aparecemos nós mesmo. Conversamos bastante sobre a viagem e todo o processo e teve espaço também para Pedro e Tetê se provocarem o tempo todo =D. Até hoje mantemos contato quase diariamente via MSN e assim deve ficar até embarcarmos.

Abril de 2008

Aproveitando a baixíssima do dólar (R$1,6588), semana passada eu e Pedro compramos nossas passagens de ida e volta. Pegaremos os mesmos vôos, saindo de Confins dia 13 de setembro às 09:00, com previsão de mais de 28 horas de viagem e escalas em SP e Madrid. Já Tetê pretende ir em julho para curtir o verão europeu. Com isso já é possível começar minha contagem regressiva para a partida. A data da volta provavelmente será alterada, portanto nem vale a pena citar.

Eis que chegamos ao ponto atual. Dia 28 de abril será liberado o formulário online de inscrição na Universidade de Leeds, e já saberei o horário das matérias que eu pretendo cursar lá. Assim que preencher esse formulário, ele será enviado para Leeds e, então, eles retornarão a carta de aceite. Com esta em mãos, providenciarei o visto, o qual terei que ir ao Rio de Janeiro para fazer a solicitação. Além disso, faltará contratar um seguro saúde e fazer a solicitação de acomodação na Universidade de Leeds. Sobre isso falarei em outra ocasião.

Até a próxima.


Faltam 144 dias...

domingo, 20 de abril de 2008

Relatos de uma jornada

A partir de hoje, 20 de abril de 2008, este será o espaço para meus relatos sobre tudo que envolve minha viagem em intercâmbio para Leeds/UK no segundo semestre desse ano. A intenção é deixar registrados todos os momentos dessa jornada para no futuro poder relembrar essa experiência, além de ter um meio de contato em broadcast com todos aqueles que, durante a viagem, quiserem ter notícias ou simplesmente acompanhar o que eu terei pra compartilhar.